terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Precisamos falar sobre Canibalismo #1

PRECISAMOS FALAR SOBRE CANIBALISMO


Grandes artistas brasileiros apoiam o canibalismo, mas devido à repressão desta ditadura que é o Brasil, o fazem de uma maneira sutil. E você, está pronto para lutar pelos direitos canibais? 

AVISO: CONTEÚDO POLÊMICO E PARA UMA SOCIEDADE CONSERVADORA "IMPRÓPRIO". TIREM SUAS CRIANÇAS REACIONÁRIAS DA SALA! CANIBALOFÓBICOS NÃO SÃO BEM-VINDOS!


Por Friedrich Ludwig Von Juntz da Silva*

*Correspondente brasileiro da Unaussprechlichen, revista online alemã do Canibais Universais, principal movimento da causa.

Olá amigxs. Esta é uma série de posts que lida com os direitos canibais, e gostaria de começar com uma pequena história da semana passada.

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Aconteceu uma coisa realmente incrível.

Estávamos eu e minha filha Nina de 6 anos num restaurante e o garçom nos perguntou o que queríamos comer. Eu disse que queria um braço francês passado no sangue de um inglês, de preferência ambos brancos para não pesar tanto no estômago. De sobremesa, uma torta de fetos alemães com merengue. Minha filha pediu um sanduíche de soja com o coração de um russo mal passado e dedinhos fritos de crianças finlandesas para acompanhar.

O garçom nos fitou com olhos raivosos e disse: "Vocês são canibais? Provavelmente votaram na Lula e na Dilma também. Aqui é Dr. Rey Presidente e este é um restaurante vegano!", com isto, estufou o peito e segurou o cardápio de maneira ofensiva, como se fosse um disco de arremesso.

Eu já estava me levantando, triste com o preconceito, mas minha filha Nina me pegou no braço e não me deixou levantar. Me deu um belo sorriso com seus dentes afiados por ela mesma e voltou-se ao garçom:

-Tio, qual o seu nome?

-Pierre Windsor Romanov, pequenina. Não acredito que seu pai está te doutrinando pra ser uma canibal!

-Moço, nós apoiamos a causa vegana; disse minha pequena sacerdotisa de Xipe Totec, subindo na mesa para que todos pudessem vê-la e ouvi-la; e achei que vocês iriam nos compreender!

-Como? Vocês comem carne, e carne humana! Aberrações!

-E você nunca comeu carne?

-Ora, já, mas estou no processo de me tornar totalmente vegano e não tenho recaídas faz três meses!

-Saiba que comemos carne humana para diminuir o número de pessoas que comem carne dos pobres animais indefesos. Quantos bois e frangos você já não comeu, que poderiam estar livres agora se você tivesse servido com seu corpo uma família inteira da periferia? Não tem preocupação social?

Os olhos do garçom ficaram arregalados com ódio e desprezo. As pessoas sentadas pelo restaurante se levantaram e se aproximaram da mesa. Achei que eles iam nos brutalizar e nos expulsar do restaurante à chutes como outras vezes...

-Ela tem razão!; Disse uma mulher com chapéu de aba e sobretudo.

Todos voltaram-se a ela, que tirou o chapéu e revelou ser nada mais, nada menos que Ivete Sangalo, ídolo de nossa cultura desde que lançou seu hit "Canibal", anos atrás. Ivete continuou:

-Temos que lutar por estas pessoas oprimidas, elas só querem ser compreendidas e fazer deste um mundo melhor, sem pessoas comendo carne de animais que sofrem todos os dias.

A autoridade de Ivete foi o suficiente para todos no restaurante largarem o que estavam fazendo para aplaudirem intensamente. Tomado pelo remorso, o garçom falou:

-Agora eu vejo a verdade! Muito bem! Por acaso, me chamo Pierre Windsor Romanov, e tenho ancestralidade francesa, inglesa e russa. Vocês têm meu consentimento para me matar e me comer!

Aquele momento foi mágico. As pessoas voaram no garçom e começaram a usar seus garfos e facas sem ponta até ele morrer. O cozinheiro, comovido, mobilizou toda a equipe para usar toda a carne do garçom e alimentar o restaurante inteiro, além de preparar miúdos para o sopão dos moradores de rua. Hoje teria carne na sopa para eles! Inacreditável como a carne humana pode prover. Naquele momento, fomos todos como um no restaurante, canibalizando cada um em sua mesa o reformado garçom.

Mas minha filha Nina estava triste. Perguntei para ela o que aconteceu, e ela me disse, cabisbaixa:

-Papai, o sanduíche com o coração russo mal passado está bom, mas eu queria dedinhos finlandeses fritos!

É difícil achar dedinhos de crianças em locais não especializados. Tentei anima-la, mas ela ficava cada vez mais chateada. Foi quando Ivete veio na nossa mesa e de seu sobretudo tirou um saquinho transparente, com um monte de dedinhos no gelo.

-Eu carrego comigo estes dedinhos de crianças finlandesas para lanchar entre meus shows, mas você pode comer todos, Nina. Você merece.

Todos aplaudiram mais uma vez, e o cozinheiro imediatamente fritou os dedinhos para minha Nina. Ao final do almoço, descobrimos que o famoso alfaiate João Camargo estava no restaurante comendo os pés do garçom. Ele se ofereceu para curtir a pele do garçom e fazer um belo par de luvas bem fashion para minha Nina!


Que dia, amigxs! Que dia!

Foi uma pequena vitória para o movimento, mas uma grande bênção para minha família.

Em breve, o segundo post desta série. Pelo fim do preconceito!






quinta-feira, 2 de novembro de 2017

2130

Hoje é dia dos finados, e, como tal, a equipe Shadows Over Rokugan e Algo Mais (REVAMPED) decidiu honrar uma franquia falecida do blog, precisamente a primeira delas: Neo Tokyo Sa-Ga. Na linha de outras grandes franquias, lançamos uma prequel relatando eventos anteriores à saga original.

AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO. Tirem as crianças da sala!


2130- Um conto de Neo Tokyo (PREQUEL)


Neo Tokyo, Circa 15 E.D.

RELATO NEURAL DE CYBER GUTIERREZ, RECAPTURADO EM 2130.


Meu nome é Cyber Gutierrez. Me tornei um ciborgue em 2114, quando perdi a perna esquerda, pênis, saco escrotal e parte do quadril na segunda batalha por Istambul, parte da campanha da insurgência do Segundo Império Bizantino contra a República Otaku de Neo Tokyo, na época o país líder da infame "Aliança Makubex". Eu era só um soldado do Novum Imperium Romanorum, Servindo ao lado do aclamado coronel Mussolini Genaro Manfretti.

Meu corpo foi decepado por um samurai urbano tresloucado durante aquela batalha, chamado Kureshima "Machado Dourado" Jonesu. Atualmente, "Machado Dourado" sumiu das notícias, absorvido na burocracia infindável de Neo Tokyo. Quem sabe um dia terei minha vingança... Meu Karalhatron XXX-30C.M., prótese peniana cibernética de última geração, jorra óleo de motor quente só de pensar no momento em que eu arrancar a cabeça daquele samurai com um chute da minha perna biônica.

Mas, são só devaneios de um veterano de guerra. E neste bravo novo mundo, somos tratados como lixo. Fui capturado pelo exército de Neo Tokyo e trazido para um laboratório, onde fizeram experimentos comigo. Por isto tenho estas medonhas orelhas de gato e rabo, além dos aparatos de ciborgue. Depois disto, me deram o nome de Cyber Gutierrez. As drogas de controle mental me tornaram uma máquina de matar para o Regime de Jojo Hamtaro, o presidente da época. Fiz muitas coisas terríveis as quais não tive o menor controle, e algumas vezes ainda acordo com pesadelos deste tempo.

Por um acaso, um ataque terrorista amplamente abafado destruiu uma fábrica destas drogas e fiquei sem minha dose por um bom tempo a ponto de recobrar a consciência. Fugi junto com alguns ciborgues, mas até onde sei, fui o único a efetivamente escapar. Passei a viver à margem da sociedade de Neo Tokyo, por minhas feições obviamente gaijins. Ganhava uma miséria de Neo Ienes trabalhando num oral bar chamado "Enfermeira Joy" nos subúrbios do bairro Oh! My Goddess. Um oral bar é basicamente um happy hour onde empresários vão para cantar e receber felação por baixo da mesa. Nas sextas tínhamos promoção de três boquetes grátis pela melhor pontuação na máquina de karaokê naquela noite. Fazia parte da equipe de limpeza. Muitas madrugadas depois do bar fechar passei limpando toalhas de mesa e chão repleto de... Emissões de amor. Se eles soubessem quem chupa por debaixo da mesa, talvez não voltassem no oral bar.

Minha vida privada não era muito boa. A pornografia foi banida de Neo Tokyo, e a única coisa online que se pode achar é Hentai fortemente censurado, a não ser que alguém tenha uma conta de conteúdo exclusivo em algum site governamental. Existem rumores de que se pode achar fotos e vídeos de sexo real na Neo Deep Web, mas parece ser só fantasia de hackers amadores. Era uma vida solitária, e para tentar me escapar dela, decidi casar com meu travesseiro, sua fronha sendo uma bela colegial de anime. Minhas habilidades de faxineiro vinham bem a calhar, e isto me deu um certo renome na comunidade local por ser capaz de cuidar habilmente de minha esposa, que nunca apareceu com uma manchinha sequer. Levando em conta que eu ejaculo óleo de motor,  isto é realmente um grande feito.




Minha esposa, durante um jantar romântico. Gostaria de ter dinheiro para comprar uma Otakucam, mas infelizmente tenho que usar uma câmera convencional.

Tudo mudou meses atrás, quando ela começou a trabalhar no oral bar. Seu nome era Hinata VX-Type-2, um robô sexual reformado. Os direitos robóticos avançaram muito através dos anos e Hinata já tinha mais direitos na constituição que eu, naturalmente. O problema dela é que veio de uma tradicional casa que empregava robôs sexuais como escravos, uma situação terrível que ainda lemos nos holojornais vez ou outra.

Dizem que o sistema de auto-limpeza genital e oral de Hinata quebrou, o que fez acumular sêmen  por seus circuitos internos. A humilhação foi o suficiente para a robô arrancar o pênis de seu patrão através de pompoarismo e então proceder para mata-lo. Em casos normais, ela seria absolvida pelo tribunal cibernético, mas o homem que ela matou era um descendente de Jinbo Mokona, o fundador de Neo Tokyo. Nada lhe restou além de fugir e ter que recorrer à um emprego no oral bar para poder pagar por suas baterias e troca de óleo.

Eu a conheci logo que chegou ao "Enfermeira Joy". Meu primeiro serviço foi abrir seu compartimento sexual para limpar as manchas de sêmen dos circuitos. Tentei ser o mais profissional que eu pude, e talvez minha lataria cibernética tenha lhe deixado mais confortável. Acabamos papeando bastante enquanto eu removia os fluídos de amor e logo desenvolvemos uma amizade. Como seu sistema auto-limpante estava quebrado, todas as noites depois do expediente eu passava removendo da garganta dela a alegria dos patrões, o que nos tornou ainda mais próximos.

Aquela amizade estava me fazendo mudar. Eu não olhava mais para minha esposa do mesmo jeito. O sexo com ela já não era mais o mesmo. Não a levava mais para passear, e era visível o desgosto dela: Cada dia mais amarrotada. Eu teria que fazer alguma coisa.

Numa certa noite, enquanto eu tirava sêmen ainda quente do fundo da garganta de Hinata, aconteceu. Nós trocamos olhares. Passei um pano num restinho de líquido que havia em seu queixo. Ela sorriu. Nos beijamos. Eu sei, foi loucura. Eu era um ciborgue casado. E foi ali no quartinho de faxina que fizemos um sexo maravilhoso. Trocamos óleo quente até não conseguirmos mais, saí até com algumas queimaduras leves na minha parte humana, mas valeu a pena.

Copulamos mais algumas vezes, mas logo minha consciência começou a pesar. Minha esposa. O que eu poderia fazer? Depois, comecei a sentir raiva dela. Estava preso neste casamento sem emoção, sem romance... Sem amor. Falei para Hinata sobre isso.

Foi a pior coisa que eu poderia ter feito.

Um plano surgiu.

Matar a minha esposa.

Foi fácil, terrivelmente fácil. Eu e Hinata chegamos do trabalho, e minha esposa estava sentada na cadeira da sala, totalmente alheia ao mundo. Peguei uma tesoura e a esfacelei em movimentos frenéticos, insanos. Seu corpo de travesseiro jazia picotado por toda a casa.

E o mais macabro disto?

Eu e Hinata fizemos sexo por cima de seus restos.

Por algum tempo, tudo ia bem, mas os vizinhos começaram a perguntar. Conhecidos que levavam as esposas travesseiros para eventos davam falta. Eu não aparecia mais publicamente com a falecida. Comecei a temer pela descoberta. Estava uma pilha de nervos. Meus músculos cibernéticos estavam dando pane constantemente pelo stress e isto atrapalhava meu trabalho.

Confessei para Hinata que a morte de minha esposa travesseiro era demais para aguentar. Estava considerando me entregar para a polícia, por pior que meu destino fosse.

Yamagata, foto tirada por uma Otakucam, capaz de tornar fotos de pessoas em desenhos.

No dia seguinte a ter revelado isto, acordei com a  porta da minha casa sendo arrombada por nada mais, nada menos que Yamagata, o pistoleiro à serviço do rei do crime Pikoro Urameshi. Fui arrancado de minha cama e espancado com a coronha da pistola até ficar meio abobado.

"Como...?" Eu lembro de ter perguntado, tonto da violência.

"Dica da Hinata, seu asssassino! Existe uma recompensa pela sua cabeça! Vou mandar você direto para a Camarilla e não vai ser nada kawaii!"

A... Camarilla. A organização semi secreta que os rumores diziam dominar o governo de Neo Tokyo. Muito, muito pior que a polícia. Minha vida estava acabada. Implorei para que me estourasse os miolos ali, mas ele riu.

"Seu corpinho cibernético é mais valioso vivo. Agora vamos."

Ele terminou de me agredir, até que não vi mais nada além de escuridão.

Tempos depois, acordei preso numa estranha máquina. Cientistas de jaleco me observavam por uma enorme janela. E com eles... Pude ver... Hinata... e "Machado Dourado" Jonesu! Será que ela era uma agente da camarilla desde o começo, esperando o momento certo para me trair? Será que a perdoaram de seus crimes por me entregar? Nunca saberei. Mas ouvi abafadamente os dois conversando, e Hinata agora atendia pelo nome de "Hiruko". Para minha decepção final, "Machado Dourado" parecia não ter me reconhecido.

O que futuro me reservaria? Só o que sei é que minha história como um ciborgue livre acaba aqui.

FIM




sábado, 9 de setembro de 2017

GAME REVIEW: CAVALEIROS DO ZODÍACO ONLINE

Resenha de Jogo: Cavalo, cada vez mais cavalo do Zodíaco


É esta loucura que sentes no meio das pernas toda vez que você me vê, Cassios. É o COSMO!

OBS: Todas as fotinhas são screenshots que tirei enquanto jogava.

Depois de muito tempo sem fazer resenhas de jogos, resolvi falar sobre este jogo que está tomando a molecada de assalto por suas armaduras maneiras e personagens de feições gentis e também a rapaziada de outros carnavais, que, como eu, está jogando pela nostalgia de quando se brincava de cavaleiros de zodíaco na rua, socando e chutando os amiguinhos enquanto gritava os golpes. Ah, e por lembrar vagamente do desenho titular de meninos impúberes jorrando dez litros de sangue por episódio.

Bom, o CDZ Online é um daqueles MMOs que eu até tinha achado que já estava fora de moda. O último que joguei mais de quinze minutos acho que foi o do Senhor dos Anéis, até mudarem o nome do meu personagem por "nome tóxico" e eu perder todo o interesse (o nome dele lembrava um tipo de crime hediondo, mas não era! Injustiça!). Pra quem nunca se envolveu com esse tipo de coisa sórdida, um MMO é uma categoria de jogo com inúmeros jogadores que dividem o mesmo mundo com seus personagens fazendo missões, criando grupos e clãs, participando de eventos coletivos e pedalando pelo mapa por duas horas para avançar um mísero nível, se as condições estão boas. É um daqueles "jogos online que não dá para pausar".

Para quem quer ser consumido por uma atividade dessas ou testar como é o submundo dos jogos online com MMOs, o Cavalerordes Zodiaecarum Online Crux Ansata pode ser baixado de graça no site https://br.cdz.ongame.net/download/ .Na data desta publicação, o jogo acabou de ser aberto ao público em fase beta, mas o conteúdo das contas será apagado dia 11/09, talvez uma referência ao aniversário do ataque às torres gêmeas, mas muito provavelmente por estar entrando numa nova fase de desenvolvimento e sofrer algumas mudanças, ou talvez seja liberado como produto completo, não estou por dentro (não sou jornalista de jogos, como pode-se bem ver). Se isto anima alguém, a SEGA está promovendo o jogo.


Depois de apanhar do Seiya, Cassios resolve apanhar para um ilustre desconhecido, meu personagem, Kaxaves (Juca Chaves, o Menestrel do Brasil, usando um codinome). Cassios é parte da missão básica de todos os personagens, ou seja, ele já deve ter apanhado de alguns milhões de ilustres desconhecidos. Pobre imbecil.

GRÁFICOS: 7


Juca Chaves, Cavaleiro de Lira, posando com a Deusa Athena para uma foto. Parece que ela tingiu o cabelo! Juca Chaves têm os olhos de quem viu coisas que você não vai acreditar durante esta breve interação.


Nada de muito especial neste departamento. O cenário é funcional e os personagens também. Eu daria menos levando em conta a tecnologia atual, mas um bônus é o uso da arte do desenho nos retratos dos personagens e semelhanças durante os filminhos (cutscenes). Ah, e como tem filminho nesse maldito jogo. O fato de ser mais simples também deixa o jogo um pouco mais leve, creio eu, o que é agradável.

MÚSICA: 10

Fenomenal. Genial. Ressoa com o meu COSMO. Usar minhas playlists do Windows Media Player para escapar das músicas repetitivas desses jogos online é a direção certa!

GAMEPLAY: 6

É... Nada muito além do modelo enlatado de MMO's dos últimos dez anos. Fazer missõezinhas, ganhar níveis, aprender poderes novos, ganhar, comprar ou fabricar itens, entrar em grupos, clãs, ter seguidores NPCS, Pets, montarias, missões semanais e do dia, "Raids"(montar uma equipe pra explorar um mapa e matar um chefão)... Tem a mecânica dos signos (as classes) e armaduras, que faz o jogo se destacar um pouco, MAS mecanicamente não é muito diferente de gastar um item para aprimorar uma habilidade de outro item (os poderes da armadura), parece ter um esquema de ascendente que não tenho nível pra ter e a possibilidade de mudar de armadura (que funciona como uma classe auxiliar), o que pode dar algumas variações interessantes, talvez. Gostei do fato de que alguns golpes estão dublados em português, enquanto nas ceninhas de algumas missões os caras falam em mandarim. Delícia.


Juca Chaves compondo "presidente bossa nova". Aqueles olhos... Aqueles olhos... Ele está morto por dentro.

Bom, tem também um sisteminha de queimar cosmo, que eleva o poder do personagem aqui e ali, um sistema social de casamento e amizade que ainda não vi como funciona. Acho que em suma é isso. O sistema de fabricação é bem complexo, para conseguir um item tem que conseguir outro, e outro, e outro... Parece ter áreas de PK, player kill, que é uma das coisas que eu mais gosto nestes jogos, a possibilidade de matar o personagem dos outros. Mas parece ser aquele PK desses jogos toscos, que não dá para roubar os itens do cadáver, destrincha-lo, arrancar a cabeça para expor na frente da casa e cozinhar a carne do morto para comer na frente do fantasma do jogador, que assiste tudo em terror enquanto xinga horrores (saudades do Ultima Online). É só pra bater no amiguinho e mostrar que é FORTE! Chato.

Ah, como todo jogo "grátis", o CDZ oferece uma série de coisas em troca de dinheiro de verdade, como itens bombados e coisas que você teria que ficar rodando o mapa por horas ou dias para conseguir. Nada de novo sob o sol nascente que tinge o céu.

Um diferencial é que existe uma história principal, um pouco diferente dos MMOs que eu joguei, onde seu personagem acompanha as sagas do desenho e do mangá (creio), sendo um figurante nessas situações e às vezes controlando personagens clássicos como o Seiya e o Shiryu. Vez ou outra dá a sensação que ele é o protagonista, o que é legal, mas é bem esparso nessas missões principais. Para quem gosta, é uma experiência legal de ver ou rever a história dos cavaleiros, então vou dar um pontinho de bônus na nota pela variedade.

As missões padrão comuns são em geral bater em 50 caras e um chefe, como todo MMO. Chegando no nível 25 vira um inferno avançar de nível. Durante uma hora fiz dez missões e não saí do nível, ainda faltando um pouco. Eu não fiz missões de grupo, pois sou meio anti social, mas parece que elas avançam mais rápido o personagem que as missões solo. Maldita progressão destes jogos que querem que o cara fique o dia todo na frente do computador. Maldita!


Concordo.


BUGACEIRA: 3

Nesses MMO's é comum algum grau de bugaceira. Até agora, o sistema do personagem ir automaticamente andando para as missões vez ou outra buga, com ele andando reto numa parede ou árvore, mas em geral ele muda de caminho. Em algumas vezes fiquei trancado no mapa, inclusive afundado até o quadril no chão. Porém, existe um sistema de chamar um GM para te destravar, mas consegui me livrar saindo e voltando do jogo. Então, nada grandioso de bugaceira encontrado.

MENDICÂNCIA: 4

Menos do que eu esperava, a mendicância neste jogo está até bem contida. Poucas pessoas na rua pedindo itens e até agora não encontrei nenhum jogador homem se fingindo de mulher para tentar conseguir alguma coisa de jogadores impúberes! Um fator são os pedidos constantes de ajuda para uma missão ou como derrotar um desafio simples onde a chave é só prestar atenção, mas tá.

VILANIA: 5

Vilania moderada no tempo que joguei. Apenas alguns jogadores chamando os outros de "lixo" ou causando nas áreas mais transitadas, como um rapaz que mandavam os outros se "ajoelharem para a diva" (seria engraçado e divertido se fosse num contexto de interpretação, mas era só patifaria mesmo, e em português mal escrito, o que pra mim é ainda mais engraçado e divertido). Me ajudaram uma vez quando chamei muito inimigos pra cima de mim e recebi um "DE NADA" no chat, como se meu boneco não desse conta. Claro, repliquei com "Muito gentil", mas foi isso. Tem isso de alguns jogadores te ajudarem ao invés de passarem batido como em outros MMO's, o que baixa a pontuação de Vilania consideravelmente. O chat geral do mundo já é mais poluído com profanações e bobagens escritas em CAPS LOCK.



Weeee. Clusterfuck abound.

HUDSON HAWK: 6

Eu daria 5 de efeito Hudson Hawk, como para a maioria dos jogos online, mas a cosmética de serem cavaleiros do zodíaco dá um pontinho.

TETAS: 2 (ou 10 se você for um pervertido)

Um jogo para a família progressista brasileira. Fora as padronizadas armaduras com seios pontudos das amazonas NPCS, não é um jogo que usa a tradicional sexualização dos personagens para vender. A não ser que você conte que todos os personagens são rapazinhos e mocinhas de 13 anos, mas acredito que não seja um fator. Se você for um pervertido que gosta deste tipo de coisa, então é 10 neste quesito.


-Seiya, é você? Eu... Eu não estava fazendo nada no meio do mato com esta criança. Eu juro!
-Você está com uma cara de quem está moderadamente irritado com algum tipo de interrupção.
-Você está interrompendo meu jogo com mais uma das 19230912370923 ceninhas que eu tive que passar.
-Vamos fingir que é isso, então.

-Certo. O quê? Ei...


NOTA FINAL: 43 (ou 51) de 80 pontos. O jogo com maior pontuação até agora!

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O Padroeiro dos Vilões encontra o Grande Mentor

AS AVENTURAS DE SÃO RAPOSO
O Grande Mentor



AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO. LINGUAJAR CHULO E SITUAÇÕES APIMENTADAS. TIREM AS CRIANÇAS DA SALA! (Não me processem)

OBS: ESTE TEXTO NÃO É MEU. É CONTRIBUIÇÃO DE UM ANTIGO BLOGGER QUE ATENDE POR "HOTEI". 

Jaquelino Raposo é um renomado advogado de causas impossíveis, conhecido em seu meio pela alcunha de "São Raposo, padroeiro dos vilões". 

Em sua carreira, ele já inocentou o famoso "Maníaco da Marreta", que matou dois embaixadores da ONU usando o pênis como instrumento contundente e também o "Cagador Misterioso", um criminoso conhecido por violar correspondências federais e trocar seu conteúdo por fezes embaladas num intrincado origami que afastava o cheiro até a caixa de entrega ser reaberta.

Em seu último e polêmico caso, inocentou "El Caballón" um assassino de facínoras que tinha como marca registrada atropelar suas vítimas com um cavalo. A grande questão é que São Raposo foi o último alvo de "El Caballón", que jogou-lhe o cavalo nos cornos em rede nacional, resultando na metade dos ossos do corpo quebrados. Mesmo assim, a impecável ética do advogado prevaleceu e seu cliente hoje está livre para viver como lhe aprouver. Isto aumentou a lenda do Padroeiro, tendo milagrosamente sobrevivido a tal ataque. Quando entrevistado, Jaquelino disse, em tom jocoso: "Rezei para mim mesmo, afinal, eu sou também um vilão". As portas do Vaticano já foram escancaradas duas vezes, uma pela Associação dos Contrabandistas Internacionais e outra pelo Sindicato dos Produtores de Bonecas Humanas com pedidos de "Santo Já", mas o Papa Reneguelson I decidiu não se pronunciar.

Agora, recuperado de seus ferimentos e revestido com um exoesqueleto Keite-Exo-Perrí-R66Y, Jaquelino voltou de suas férias nas ilhas Galápagos com um fantástico terno feito de cascos de tartaruga, pronto para cuidar de mais um polêmico caso: O caso do "Grande Mentor".

O Grande Mentor.

Légue Tômarróuque é um renomado professor do ensino médio, conhecido por seu jeito exótico de ensino. Inclusive, ele foi uma das inspirações para Jaquelino tornar-se advogado, ou seja, era também um caso de ordem pessoal. O Mentor estava sendo acusado de brutalizar seus alunos e expor-se de maneira sexual aos mesmos: Um prato cheio! São Raposo foi à delegacia onde o homem estava preso e pediu para ver seu cliente.

O que viu partiu o coração do bom advogado: Um homem orgulhoso, poderoso e brilhante agora reduzido à uma criatura infeliz e cabisbaixa, sentada naquela cadeira metálica de uma salinha pútrida da DP. Sentiu que precisava inocentar aquela pessoa ímpar.

-Capitão, meu capitão ;Disse Jaquelino, saudando o velho mestre.

-Oh, Jac! É você! ;Respondeu Légue, seu semblante iluminando-se num misto de alegria e volúpia; Vais me tirar desta, ó parlapatão?

-Pode contar com isto, Mestre. Nunca esqueci de suas importantes aulas.

-Depois que tudo isto acabar, posso lhe dar um curso expresso; Sugeriu a sábia figura, já com uma das mãos dentro da calça.

-Sempre muito gentil e prestativo, como eu lembrava do senhor! Mas agora, vamos nos focar no caso em mãos: O que aconteceu?

-Com os cortes no sistema, fui relegado à dar aulas de Xadrez e Artes, pois retiraram do currículo sociologia & educação moral-política, minha especialidade.

-Que terrível! Muitos dos meus clientes, criaturas soberbas, passaram por estas aulas do senhor.

-De fato, minha tortinha de creme; Referiu-se carinhosamente o educador à seu velho aluno; De fato... Então dei algumas aulas de xadrez e outras de pintura, mas por alguma razão estou aqui. Não fiz nada que não fosse para promover o intelecto dos meus alunos!

-Muito bem! Tenho total confiança nisto! Por sinal, existem filmagens das aulas, e, se não se importa, vamos vê-las aqui para sabermos com qual material vamos trabalhar. 

Após São Raposo depositar algumas notas altas no bolso do policial que vigiava a porta da sala, este trouxe uma mesa com rodinhas contendo uma televisão e um aparelho de reprodução.

-Vamos ver a primeira fita, "Xadrez", meu mentor.

Na filmagem, vinda do teto de uma sala de aula, podia-se ver alguns alunos aglomerados em volta de um tabuleiro de xadrez onde jogavam o Grande Mestre e um dos alunos.

-O cavalo anda em L; Revelava as palavras do professor no áudio da filmagem.

-Mas professor, L? :Inquiriu o aluno que jogava; Cavalo começa com a letra C, ele não deveria andar em C?

-C DE CARALHO, FILHO DA PUTA! CARALHO! 

Com isto, o mestre estapeou violentamente as peças do tabuleiro, arremessando-as em partes sensíveis dos alunos com precisão cirúrgica.

-IMAGINA UM PAU GROSSO! UM CARALHO KING SIZE, CHEIO DE VEIAS! UM PAU DE CAVALO!

O mestre pegou um dos cavalos no chão e colocou no centro do tabuleiro.

-SE TU QUERES QUE O CAVALO ANDE PRA FRENTE, SEU ANIMAL, IMAGINA O PAU CRESCENDO, DUAS CASAS!

O professor moveu então o cavalo duas casas à frente.

-ELE TAMBÉM PODE CRESCER PARA TRÁS E PARA OS LADOS, QUE O CAVALO É ARISCO E PODE BOTAR O BATOM PRA FORA DO JEITO QUE QUISER!

Assim sendo, o mestre fez os movimentos para os lados possíveis.

-POR FIM, TODO BOM CARALHO QUE JÁ SE ESFOLOU DE VERDADE É TORTO PRA UM LADO. AÍ ESCOLHE SE O PAU É TORTO PRA ESQUERDA OU PRA DIREITA.

O cavalo então é direcionado no tabuleiro em L de várias maneiras, concluindo a lição. Vários "Oooooh" foram emitidos pelos alunos em volta, que começaram a aplaudir intensamente o professor. O aluno que fez a pergunta levantou-se da cadeira, e com lágrimas nos olhos, abraçou seu educador, que prontamente levantou-lhe a camisa e lambeu-lhe o umbigo. Jaquelino deixou-se tomar por um momento de emoção e também deixou uma lágrima cair, lembrando que muitas vezes teve o umbigo lambido, uma demonstração de afeto do professor aos seus pupilos.

-Como pode ver, meu aluno ;Disse Légue, após o fim da filmagem; Não existe nada de diferente na minha metodologia.

-Sim, meu capitão. É que os tempos mudaram. Este tipo de educação tradicional não é mais aceita nas escolas, é considerada ofensiva ao desenvolvimento dos alunos.

-E o que vai ser de mim? Como vou ensinar teoria de classes sem o aluno mais rico do colégio sumindo misteriosamente? Sem a prova do liberalismo econômico, quando cada aluno deve arranjar uma criança pequena para vender na internet, ou o trabalho sobre o comunismo, onde o grupo deve trazer para a sala de aula um padre enforcado nas entranhas de um empresário?

-Posso indicar um outro advogado que trabalha nesta área, mas agora não é momento. Vamos ver a segunda fita, "Aula de Pintura".

Na filmagem, do fundo da sala de aula,  pode-se ver os alunos sentados em suas mesas, com o professor à frente do quadro, com uma tela branca posicionada ao seu lado, segurada por um tripé de madeira.

-Hoje, meus alunos, vamos aprender a pintar com tintas diferentes. Como podem ver, aqui já está uma tela pintada, é a Monalisa. Fiz ontem depois de... Assistir uns vídeos inspiradores.

Um dos alunos levantou a mão e falou:

-Mas professor, não consigo ver nada!

-É que pintei com porra. Minha porra. Agora já secou, então não dá para ver direito. Ainda vou botar uma tinta fixadora por cima, acho que merda daria um bom tom de terra. Eu trouxe uma revista de sexo explícito para me ajudar a ter tinta. Hoje, vou pintar para vocês a Capela Sistina. A primeira coisa é saber segurar o pincel... Aqui, acompanhem o que eu vou fazer com os pincéis de vocês.

A filmagem neste momento é censurada, quando O Mestre vai até suas calças mostrar o material de trabalho. Antes que os alunos sigam o professor, as janelas são quebradas por ninjas pulando para dentro do recinto, jogando bombas de fumaça. Com a névoa das bombas, pouca coisa pode ser vista além da silhueta dos ninjas brutalmente espancando o professor.

-É, professor... ;Disse São Raposo; Parece que foi uma operação armada há tempos. Os Ninjas da SWAT só são ativados em circunstâncias extremas.

-E agora, Jac?

-Não se preocupe, professor, tenho algumas ideias.

-Oh, fabuloso!

-A primeira coisa que usaremos, obviamente, é a brutalidade dos Ninjas da SWAT perante o senhor. Ninguém merece ser tratado deste jeito num ambiente de livre pensamento, como o de uma escola. Poderemos arrancar uns bons milhões do Estado com isso.

-Muito bem, poderei comprar o melhor apartamento da cadeia, talvez ser vizinho de um senador, mas isso não me faz muito feliz.

-Temos outro benefício, também: Desde que o país adotou o sistema que o filósofo Rousseau criou em seu livro "Emílio", as pessoas só recebem instrução formal a partir dos 18 anos, sendo os anos anteriores de educação bucólicos e lúdicos, o que torna todos os alunos maiores de idade. Já nos livramos de qualquer acusação torpe de exposição e violência à menores. Além disso, sendo um ambiente de temática adulta, podemos facilmente abater a gravidade das acusações.

-Estou começando a gostar disto.

-Sobre a aula de xadrez, podemos virar a mesa dizendo que o que aconteceu foi preconceito linguístico. Qual a problema de usar palavrões, gesticular de maneira selvagem e gritar? É meramente a maneira que você usou para se expressar, e todos sabem que hoje qualquer um usa palavrões e grita em ocasiões formais ou informais. Não existe nada de errado nisto! Posso citar inclusive um palestrante brasileiro, livre docente, que faz apenas isso enquanto dispara verbetes de filosofia, para ajudar no nosso caso. E, no vídeo, podemos ver claramente que a aula foi efetiva, pela resposta dos alunos. Esta acusação não passa de uma tática reacionária de abafar o seu revolucionário e tradicional método, professor!

-Raposo... Você é um gênio.

-Agora, a parte da aula de artes será um pouco mais complicada, mas acho que consigo.

São Raposo andou pela sala, ponderando, enquanto os esperançosos olhos do Grande Mentor o acompanhavam. Finalmente, disse:

-O professor já deve ter ouvido falar da Menstruarte ou da Defecarte, também conhecida como Cagarte. A Defecarte são os trabalhos feitos com fezes, sendo pioneiro o Marquês de Sade. Depois dele, muitos usaram de suas caganeiras para esculpir diversos trabalhos, inclusive criando a modalidade do banheiro, onde todos são artistas. Já a Menstruarte é um pouco mais nova, são intervenções usando sangue de menstruação para pintar. Ora, professor...

-Sim?

-O senhor é um verdadeiro pioneiro!

-Sou?

-Sim! Acaba de criar a Espermarte, a pintura com sêmen! Podemos dar outros nomes: Esporrarte, Gozarte, Ejacularte...

-Oh!

-Faremos uma arquegenealogia da Espermarte, com o sêmen usado durante o sexo para fazer desenhos na pessoa amada, uma forma de "carta de amor", ou dos desenhos em papéis, panos e cortinas, desde tempos áureos. Poderemos citar o bukkakke japonês como uma forma desta expressão! O senhor estava meramente demonstrando este inovador processo artístico, pelo meio da imortalização numa tela de pintura, e criando novas competências neste fértil campo! O que a polícia fez é censurar e silenciar uma arte já estabelecida e conhecida apresentada por um novo viés, mas sempre marginalizada na sociedade.

-Perfeição!

-Poderiam lhe acusar de machismo pelo enfoque no seu pênis, mas eu digo: Por acaso mulher não goza? Elas também, como seres maravilhosos que são, estão completamente equipadas para participar da Espermarte, e machista é quem não reconhece isto! Aliás, as contribuições delas devem ser postas em evidência! O senhor é um bastião do feminismo, isto sim!

-Meu aluno?

-Sim, professor?

-Por acaso toda esta sua "Cagarte" pela boca vai colar no tribunal?

-A lei pode ter uma interpretação levemente diferente... Mas meu trabalho é justamente fazer estas coisas colarem, como porra numa tela. Eu, também, sou um tipo de artista.

-Que maravilha ter um aluno assim!

-Eu não seria nada sem você, Capitão, meu Capitão...

Com isto, Jaquelino abraçou seu mestre, chorando copiosamente. Légue, também chorando, levantou a camisa de São Raposo e lambeu-lhe afetuosamente o umbigo.

Tempos depois, saiu o resultado:

O Grande Mentor foi inocentado de todas as acusações, processou com  sucesso o Estado e hoje vive como uma referência mundial da Espermarte.

FIM.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

CONTINHO DE TERROR

No dia de hoje, Shadows Over Rokugan e Algo Mais orgulhosamente apresenta um conto de terror.

AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO. TIRE AS CRIANÇAS DA SALA!

FACES DA MORTE

O terror.

Meu nome é Vanderguelson. Sou um homem comum, habitante de Gauderiovilla. Vivo uma vida normal: trabalho, pago meus impostos e quando posso bebo alguma coisa. Tenho meus amigos e minha gata de estimação, Fredericca St. Simon. O que estou prestes a contar mudou minha vida para sempre.

"Três e cinquenta", dizia aquela voz grotesca, macabra, que soava ser de outro mundo e que ecoava distante, como se saísse das profundezas de uma caverna. Ou do próprio inferno. Eu estava nu numa floresta de árvores distorcidas, petrificadas. O vento alísio uivava como se pronunciasse uma distante tempestade e o céu estava claro: Uma lua cheia sem estrelas. Apesar da torrente de ar, eu suava em bicas.

"Três e cinquenta", Três e cinquenta"...

A voz se aproximava. O eco não me permitia saber de onde estava vindo. Senti uma forte dor do lado esquerdo da cabeça. Levei uma das mãos ao local e vi minha palma embebida em sangue. Parecia que uma veia da minha testa havia estourado, de tanto nervosismo. Eu sentia que estava em terrível perigo.

Corri pela floresta com medo do desconhecido. Achava que as árvores moldavam formas e rostos, zombando de mim, sempre zombando de mim. Até que em determinado momento, na minha frenética fuga, tropecei numa raiz petrificada e me espatifei no chão, de bruços. A voz me perseguia.

Fiquei de cócoras. Senti um aperto nas minhas costelas. Pude ver mãos gigantes e disformes, pálidas como as de um cadáver amaldiçoado, me envolvendo num sinistro abraço. Meus olhos estavam lavados do sangue de minha ferida, estava tonto e enjoado...

"Três e cinquenta"... Sussurrou aquele demônio no meu ouvido. Era aquela criatura. Estava paralisado de terror. Eu não iria apenas morrer. Eu sabia que aquela entidade estava ali para atormentar a minha alma por toda a eternidade.

Foi quando senti uma violenta fisgada no meu pênis. Que tortura era aquela? Gritei, à plenos pulmões:

-MEU PAU!

Num pulo, sentei na minha cama. Foi um pesadelo. Acordei com Fredericca St. Simon pulando da cama, num miado agudo. Mas que gatinha arisca! Durante o sono, tinha me rasgado a testa, as costelas e a cabeça de meu membro com suas garras afiadas. Eu estava suando muito pela experiência. Prontamente, peguei um sapato do chão e arremessei na direção de Fredericca, que habilmente despareceu pela porta antes de ser acertada. Ainda zonzo, deitei-me novamente, apesar da dor, e fui acolhido mais uma vez pelo sono, enquanto repetia, de maneira monótona, como se fosse um autômato:

-Meu pau... Meu pau... Ai, ui, meu pau...

O dia transcorreu-se normalmente, com alguns curativos pelo corpo. Fui ao mercado comprar uns pacotes de macarrão instantâneo depois do trabalho. Era final do mês e tinha que me virar. Passei as compras pelo caixa e o atendente me disse:

"Três e cinquenta". Aquela voz...

Foi ali que vi. Uma cabeça desproporcional, enorme, uma aberração. Olhos bem abertos, vidrados, satânicos. Uma boca que levava à escuridão do mais podre dos esgotos. Me arrepiei até os cabelos da bunda.

-O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?; Disparei, gritando, sentindo uma enorme aflição no peito.

Todos pararam no mercado e olharam para mim. Sacudi o rosto e olhei mais uma vez para o caixa. Era uma doce senhora, assustada com meu surto de loucura. Um segurança já estava se movimentava na minha direção.

-Tchê...Três... com cinquenta; Ela disse, baixinho, apavorada.

Claro. Estamos em Gauderiovilla. Ninguém fala três e cinquenta, mas sim três com cinquenta. Pedi uma série de desculpas e paguei. Na saída, o segurança veio tirar satisfações comigo:

-Escuta aqui, ô puto, quem tu pensas que é?

-Me desculpe, eu me descontrolei.

-Mas vá te embora daqui antes que eu te parta a cara! Onde já se viu berrar por...

"Três e cinquenta..."

Não. Eu vi seu corpo desproporcional para a cabeçorra. Não consigo dizer ao certo como era, mas foi muito rápido. Vi que ele tinha uma espécie de placa de cor preta exposta no peito, como se tivesse sido cirurgicamente colocada ali, entre a carne. Dei um grito de pavor e me botei à correr rua abaixo. Quando voltei à mim, ainda ouvi o segurança lançando um maldizer na minha direção:

-Cuzão do caralho!

Fui para meu apartamento, tomado de medo. Sentei-me ao computador e pesquisei por horas a fio o que poderia ser aquilo. Tentei sites variados, inclusive na numerologia, era o número 8. Era o número do poder, da ambição, do sucesso. Do líder. Daquele que não se contenta de maneira alguma com um "não". Fiquei tranquilo por um momento, mas então pensei: Será que este não é o perfil deste demônio que me persegue? Um tirano que não vai parar por nada até estraçalhar a minha sanidade? Como já estava ao computador, decidi masturbar-me gloriosamente, mas ao retirar meu membro das calças, senti dor: Fredericca havia me esfolado bonito. Pensei que poderia usar da base e não tocar na cabeça e decidi prosseguir. Estava me animando com aquele festival de genitália, então passei ao próximo vídeo que tinha 3:50 de duração.

"Três e cinquenta"...

O vídeo era assombroso. Na tela, a criatura me possuía com terrível violência. Não direi mais que isso, mas vi meu rosto se contorcer, não de pavor, mas de prazer. Um prazer profano, inominável.

Vomitei sobre meu pênis, imediatamente, quando voltei ao normal. Tomei um banho. Tive que sair do apartamento, aquilo era demais. Andei pelas ruas, já ao amanhecer, sem rumo. Os prédios pareciam uma floresta de pedra... O que estava acontecendo?

Foi quando o vi. Senti meu corpo inteiro esfriar, meus pelos pubianos murchando e caindo por entre minhas pernas.

A face da morte, virando-se lentamente...

"Três e cinquenta..."

E ele virava, como se fosse uma projeção quadro-a-quadro...


Não, não... NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA


Fim.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

PAGA SAPIENS PHILOSOPHIAE (REPOSTAGEM)

PAGA SAPIENS PHILOSOPHIAE


O mestre.


DISCLAIMER: Isto está sendo repostado por questões didáticas. Data original: 19 de março do ano de nosso Senhor de 2015.

Olá pessoal! Hoje divulgarei muitos dos segredos para ser um PSP, ou Paga Sapiens Philosophiae. Primeiro, vamos direto na definição:

Paga Sapiens Philosophiae (abrev. PSP): Maneira de conduzir-se em sociedade (ver verbete ÉTICA)  definida por uma postura forçosamente filosófica, de ares teatrais; em oposição à doutrina da autenticidade (ver verbete EXISTENCIALISMO), o PSP procura causar a impressão de ser um grande filósofo, com a intenção de parecer descolado e pegar geral (ver verbete ESTETA). Pessoas atraídas por PSPs são conhecidas academicamente como Fédon(s) ou Xantipa(s). O termo PSP foi cunhado originalmente por Lorde Camafeu (ver verbete NOUMENON) no capítulo Metaprolegômeno acerca dos Metaproblemas da Metafísica Polivalente, contido no livro Porco Tião e outras estórias, ao juntar os termos Paga Sapo  (ver verbete RACIONALISMO), Homo Sapiens (ver verbete FILOSOFIA NATURAL) e as ideias contidas na obra Consolatio Philosophiae de Boécio (ver verbete CONVERSA FIADA).

Fonte: CAMAFEU, L. Dicionário Filosófico do Prazer. Camafeu Press, Celaeno, Pleiades, 1969.


Lorde e Lady Camafeu, supervisionando a construção de uma bomba atômica. Note a presença de uma Xantipa à esquerda.


Para aqueles procurando por seus Fédons ou Xantipas perdidos na multidão, tenho boas novas. Estudei com tremendo empenho o que Lorde Camafeu escreveu sobre os PSPs e apliquei com resultados variados. Aqui vão as direções gerais.


POSTURA


-Mova-se com suavidade, dando um tom "etéreo", quase fantasmagórico, à sua presença. Calcule com precisão suas poses para que pareçam naturais.

-Pareça levemente intrigado com algo que não está no local, dando a impressão de estar perdido em profunda reflexão filosófica. Mão no queixo pode realçar o estilo geral. Coloque uma das mãos no bolso apenas se fumar e/ou a se encostar numa parede. Se quiser causar emoções conflitantes, pareça levemente irritado ou desligado do ambiente. E então sorria.

-Olhe sempre nos olhos, e ao faze-lo, não faça movimentos bruscos. Deve-se passar a impressão de que se está "lendo a alma" da pessoa, ao invés de parecer estar prestando atenção. Esse efeito se dá com leve abertura e fechamento dos seus olhos durante ênfases na fala alheia, independente do conteúdo.

-Sua vestimenta deve combinar com o tipo de pseudo filosofia empregada nas conversas. Mais precisamente, com a entonação usada para falar.


O PAPO


-Como um caçador esperando a caça, não se antecipe! Introduza aos poucos seu conteúdo pseudo filosófico, sempre com suavidade, como se todos os ouvintes tivessem sido ensinados sobre metafísica no ensino médio. 

-Afirmações levemente filosóficas e vagas são maneiras de descobrir se você tem à sua frente um Fédon ou uma Xantipa. 

-Quanto menos você tiver de explicar o que fala, melhor. A prioridade é não se enrolar com algo que não se sabe direito e além disso é necessário manter a fluidez da conversa.

-Não pareça uma enciclopédia. Isso lhe tornará inacessível. Aliás, se você parece uma enciclopédia quando fala sobre Aristóteles, as chances são muito grandes de você não ser um Paga Sapiens Philosophiae e sim um legítimo estudante de filosofia. Se for o caso, pare de ler isso e vá se aprimorar de verdade.

-Procure conduzir o clima da conversa de maneira desinteressada, evocando a casualidade de você falar pseudo filosoficamente. Apenas torne-se intenso na divagação e uso de termos mal empregados se encontrar um ouvinte interessado na baboseira. E não seja intenso demais a ponto de parecer imperioso, procure sim ser glorioso. Lembre-se, suavidade: Você não está ensinado, está flertando. 

-Evite alienar o ouvinte com guinadas extremas na conversa. A palavra "Não", usada incorretamente, pode tornar-se um "Não" para você posteriormente. O "Sim" deve ser usado também com parcimônia. Prefira continuar a conversa ao invés de concluir ou tentar impor um novo tópico.

-Sarcasmo é sadio para cimentar a pose geral, mas não exagere.

-Posicione seus conceitos os encaixando com o decorrer da conversa e não os colocando diretamente como tópico. Vai parecer que você está interrogando, atrás de uma posição do ouvinte, e não flertando. Deixe que falem naturalmente.

-Evite verdadeiros estudantes de filosofia. No melhor dos casos, você entrará num longo debate e no pior deles será desmascarado como uma farsa, consequentemente pagando caro por isso.

-No momento de começar a  efetivamente sensualizar na conversa, é importante a intensidade nos olhos e na fala. A esta altura, é recomendado cuidado com afirmações pseudo filosóficas pelo risco de se parecer piegas.


IDIOMAS


-Quanto mais você souber da língua francesa, melhor. PSPs experientes criarão maneiras aparentemente naturais para falar algo em francês e impressionar a sala. Cuidado ao cantarolar uma música francesa: você tem que se garantir no vocal e no contexto. Sussurrar em francês ao pé do ouvido costuma ser letal para Fédons e Xantipas, a não ser que tal pessoa seja francesa; se possível, seja você francês!

-Alemão é extremamente recomendado se você é Paga Sapiens Philosophiae baseado em Nietzsche. Em outros casos, evite, a não ser que a conversa seja conduzida para termos em alemão (acredite, isto pode acontecer).

-Latim e Grego devem ser usados com cautela. Se você está tentando ser um PSP do tipo gênio da academia filosófica, pode-se usar moderadamente. Encaixar uma expressão ou outra nestas línguas para arrematar uma conversa é um bom artifício; mas nunca use como pergunta (Você sabe o que é Ethos?) e sempre como vaga afirmação (Vagina era originalmente uma palavra em latim para denominar a bainha que guardava a espada do soldado romano... Oh, Roma Invicta Est...)

POWER TIP: Cuidado com o uso indiscriminado de línguas estrangeiras! Você pode se passar por um almofadinha pomposo (em nota relacionada, alguém sempre vai achar isso de um Paga Sapiens Philosophiae numa roda de pessoas, o importante é que o Fédon ou Xantipa não se sintam desta maneira em relação a você)!


CONTEÚDO


-Algumas páginas de resumos sobre autores famosos e seus principais conceitos é o suficiente. Se quiser abafar, leia com maior profundidade um autor específico, mas não a ponto de entender integralmente. Isto pode causar angústia existencial ou pior ainda, lhe colocar no caminho da filosofia.

-Outras habilidades podem vir muito a calhar dependendo do local. Dançar, cantar, tocar algum instrumento ou outras manifestações artísticas são recomendadas. Outros conhecimentos, como história, política e música também.


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Bom, este é o conteúdo básico para identificar ou ser um Paga Sapiens Philosophiae! O conteúdo avançado darei num seminário de preço exorbitante. Até mais!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

CRASH BANDIT COUP: Piloto

CRASH BANDIT COUP: NOVELIZAÇÃO (SIC) DO EPISÓDIO PILOTO




JOGUINHOS ELETRÔNICOS!

Enquanto espero uma gorda oferta da Netflix pela minha ideia de abordar o mercado das empresas de jogos eletrônicos, decidi escrever o episódio piloto, mas em forma de conto ao invés de roteiro. Todos os nomes de personagens, jogos, da empresa e localidades são provisórios. Lá vai:

AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO E LINGUAJAR CHULO. TIRE AS CRIANÇAS DA SALA!

Crash Bandit Coup- Episódio Piloto (PRIMEIRAS DUAS CENAS)


PRIMEIRA CENA

Sacapetas Jones vislumbra da janela de seu escritório de luxo as pessoas caminhando apressadas pela rua central da cidade de Nova Porkys. Do alto da magnânima construção, parecem formigas diligentes, correndo para darem conta dos afazeres do dia-a-dia. O empresário respira fundo, e volta-se para um quadro numa das paredes: Lá está "A equipe de 87", onde figuram ele e seus antigos colegas, quando trabalhavam para a extinta Moneybag Games. Naquela época, era só um jovem entusiasmado com jogos que queria combinar entretenimento, arte e tecnologia para o público. Como o tempo passa, e como as pessoas mudam...

Ao sentar-se em sua poltrona acolchoada, saca de seu paletó um frasco metálico, contendo uísque. Este foi um dos poucos hábitos que não perdeu na caminhada corporativa, beber sorrateiramente como se pudesse a qualquer momento ser pego por seu chefe... O que é tolice, afinal ELE é o chefe agora, de sua própria empresa de jogos eletrônicos: Soldier of Fortune Gaming, ou SFG. Enquanto dá seus goles, ouve o "bip" de sua parafernália disposta à mesa. É a máquina que passa os recados de seu assistente pessoal. Antigo modelo, mas Sacapetas prefere assim... Já está perdendo o contato com as tecnologias mais recentes. Prontamente, coloca o frasco de volta ao bolso interno do paletó e aperta um botão da máquina, para falar.

-Sim?

-Bom dia, senhor Jones!; -Diz uma entusiasmada voz feminina.

-Quem é?

-Eu sou Gudomirdes, sua nova assistente pessoal! É uma honra poder trabalhar com o senhor!

-O que aconteceu com Jambolão?; Pergunta desinteressadamente Sacapetas, enquanto puxa uma planilha da pilha de papéis na mesa.

-O senhor não foi informado? Jambopetas teve uma crise nervosa no final de semana e foi afastado. Estou o substituindo enquanto se recupera.

-E quem é Jambopetas? ; Inquire o homem, absorvido nos detalhes da planilha.

-Uhm... É... Seu assistente pessoal, Jambopetas Lantejoulas, que trabalha para o senhor há dez anos... Que o senhor parece chamar de Jambolão.

Num átimo, Sacapetas amassa a planilha e a arremessa na pequena lata de lixo ao lado da mesa.

-É por isto que este vagabundo de merda não me atendeu ontem de madrugada! Onde já se viu, cagando na vara deste jeito, tão perto de anunciarmos os jogos do ano que vem!

-Cagar na vara...?

-Foda-se. Figura de linguagem. Gudomira, não é?

-Gudomirdes...

-Foda-se também. Seguinte: Demita este animalzinho de tetas imediatamente, manda a papelada ao RH e acione o Dr. Raposão, advogado da empresa, para processar Jambopetas.

-Se me permite, senhor... Processar pelo quê?

-Não interessa. Raposão vai saber pelo quê.

Um breve silêncio na linha. Sacapetas passa uma das mãos nos cabelos grisalhos e respira fundo, já levemente irritado. Finalmente, questionou:

-Foi só por isto que me chamou? Sou um homem ocupado, porra!

-Ahn... Não, não!; Respondeu Gudomirdes, tentando manter a compostura; O senhor Voldemerd precisa de uma reunião, com urgência, disse ele. Está aqui na sala de espera.

-Gudomira? ;Disse Sacapetas, numa voz sedosa.

-...Sim, senhor Jones?

-Me chame de Sacapetas.

-...Certo, senhor Sacapetas.

-Vou dizer isto só uma vez: Não deixe mais esta gente asquerosa entrar na minha sala de espera deste jeito. Gosto dela vazia e bem limpa.  Da próxima vez, manda para o RH e só marque reuniões com formulários carimbados em três vias.

-...Mas isto não torna o processo meio... Lento, senhor?

Foi o suficiente para o empresário perder a paciência.

-PORRA! MAS QUE MERDA! VEIO TRABALHAR HOJE E ESTÁ QUERENDO ME DIZER COMO EU DEVO MANDAR NA MINHA EMPRESA?

-Me... Desculpe... ;Respondeu a pobre jovem, já sacudida emocionalmente.

Outro silêncio na linha. Sacapetas toma um gole rápido de uísque e acende um cigarro antes de falar novamente.

-... Perdão, me alterei um pouco. Esta época do ano é muito estressante.

-Certamente, senhor.

-Mais algum recado?

-Sua esposa ligou, senhor...

-Ah, é, tenho uma dessas. ;Resmunga para si.

-O quê?

-Esqueça, mande o Valdermerd entrar.


SEGUNDA CENA


Uma reunião tranquila.

Minutos depois, Voldemerd, o chefe do projeto Ninja's Dogma, uma das franquias de sucesso estabelecidas pela empresa, entra no escritório. Sacapetas imediatamente o desdenha com os olhos, por estar vestido com um suéter e calças jeans.

-Senhor Sacapetas, que felicidade falar com o senhor.; Inicia Voldemerd, sem qualquer emoção na voz.

-O sentimento é mútuo. Agora, chega de me enrolar e me diz o que é.

-Bom, recebi as diretrizes para o Ninja's Dogma 4 e creio que temos um problema; Explica Voldemerd, gesticulando de maneira incompreensível; E é algo que pode nos custar caro.

-E o que eu tenho a ver com isso?

-Pela política da empresa, o senhor ainda é o diretor geral de todos os projetos, então tenho que passar a informação nestes tempos de crise; Diz, franzindo a testa.

-Qual é a crise?

-Não podemos fazer o mesmo jogo quatro vezes. O Ninja's Dogma pode ter sido revolucionário, mas suas duas sequências são basicamente o mesmo jogo com alguns gráficos alterados. Já recebemos muitas reclamações do público.

-E por acaso você é do departamento que lida com isso?

-Não, não sou pago para mentir sobre os jogos ruins, sou pago para fazer os jogos ruins. Se fizermos o mesmo jogo de novo, vamos acabar matando a franquia.

-Não diga bobagens. Essa gente estúpida engole qualquer coisa que tenha o nome Ninja's Dogma.

-Senhor, isto é sério! Precisamos...

-Tá, tá. Eu sei. Você não é o primeiro que me fala isto.

-Que bom que o senhor compreende. É necessário desenvolver novas mecânicas, talvez até experimentar uma engine nova. Mas para isso precisamos de gente, tempo e dinheiro.

Sacapetas levanta de sua poltrona, e dá alguns passos pela sala com uma das mãos ao queixo, como se contemplasse algo. Finalmente, para à frente de sua enorme janela, de costas para Voldemerd. Balança a cabeça positivamente. Um raio de esperança cruza o rosto do diretor do Ninja's Dogma. Eventualmente, o chefe da SFG vira-se e diz:

-Absurdo. Eu sei o que fazer.

-E o que vamos fazer? ; Pergunta Voldemerd, decepcionado.

-Você ouviu falar daquele jogo que não saiu da fase de projeto, o Pirate Bonanza?

-Sim, um jogo de pirataria com navios e comércio marítimo, de estratégia em tempo real. Ouvi dizer que não saiu do projeto por existirem jogos muito melhores sobre o tema, que são dez anos mais velhos. O que tem ele?

-Usa a mesma engine do Ninja's Dogma. Copia o que tem desse projeto abandonado para o Ninja's Dogma 4, muda os gráficos dos navios, chama de Ninja's Dogma 4: Japan Pirates e manda produzir.

-Não é tão fácil assim, senhor... ;Tenta começar a negociar Voldemerd; Teremos que colocar pessoal novo para...

Sacapetas soca a mão na mesa, o que faz Voldemerd dar instintivamente uma passo para trás.

-Eu te pago para que seja fácil assim. Você tem três meses para me apresentar um demo com nosso titular ninja pulando de navio em navio e fazendo pirataria no mar do Japão para colocarmos na feira mundial de jogos. Vão achar incrível, inovador, barroco, divino, soberbo, clássico, santo já. Poderemos produzir mais uns três jogos iguais ao Ninja's Dogma original, pelo menos, até eu ter que pensar em alguma bobagem nova.

-O senhor... Só pode estar louco. ;Balbucia o diretor do Ninja's Dogma, incrédulo.

-Ora, todos os grandes estão fazendo isto, meu ingênuo Valdermerd. Os jogos são muito parecidos com o cinema, agora: Vendemos uma marca. Exploramos até não conseguirmos mais, fazemos um "reboot" e depois voltamos a fazer a mesmíssima coisa de antes, ad infinitum. Aquela empresa japonesa tem feito o mesmo jogo do pedreiro Iugoslavo que salva uma princesa no castelo de um crocodilo gigante por quantas décadas, agora? Paralelamente, os filmes do sabre brilhante mágico com samurais futuristas vestindo sacos de arroz já vende bonecos faz quase meio século e só querem mais disso.

-Um louco e um gênio... O que será de nosso público?

-Quem se importa? Você tem que se importar com o seu salário, e eu com as ações da empresa. Por acaso você nasceu ontem, Valdermerd? Se quer tentar fazer algo inovador, vá virar desenvolvedor independente.

-Para o senhor comprar o estúdio e me demitir? Não, obrigado, todos sabemos o que aconteceu com a equipe do jogo Demon Exu MacArthur.

-Ótimo. De tarde eu passarei lá no seu departamento para discutirmos microtransações e outras maneiras de arrancar dinheiro dos jogadores. Agora te manda.

-Senhor, tem outras coisas que eu preciso discutir...

-Não me incomode, merda. Eu tenho uma reunião numa zona com vloggers e jornalistas de jogos para combinar o quanto pagaremos pelas boas resenhas e gameplays.

-Mas são sete da manhã...

-Essa raça, assim como você, não transa e não tem dinheiro, Valdermerd. Eu poderia marcar às quatro da manhã durante uma tempestade que eles viriam correndo, com os pintinhos deformados de tanta punheta na mão. VAZA!

Com isto, Voldemerd deixa o escritório do chefe, contendo suas lágrimas de raiva. Sacapetas respira fundo e diz para si mesmo, enquanto sorve o que resta do frasco de uísque:

-Mas que merda. Como é difícil arranjar gente eficiente hoje em dia. O que é que eu preciso fazer para conseguir umas boas dúzias de oficiais nazistas para trabalhar nesta empresa?

Seria só um sonho?


(FIM DA SEGUNDA CENA)

Com certeza vai ser um hit na Netflix! O episódio piloto inteiro será um sucesso.


quarta-feira, 8 de março de 2017

De volta para uma palhinha.

DISCLAIMER


Faz dois anos que não publico nada aqui.

Faz um ano que apaguei todos os posts, pois com a evolução das leis da internet, eu poderia muito bem ser processado, preso, morto, ou pior, ser obrigado a fazer serviço comunitário.

Mas assim como uma sereia, ouço a canção do blog que mantive por vários anos, em duas encarnações, desde a minha adolescência, me chamando.

Meu primeiro blog, que devo ter iniciado quando tinha uns 16 anos e intitulado Shadows Over Rokugan, era sobre minha tentativa de fazer piadas relacionadas com Legend of The Five Rings, trazer informações aos meus jogadores e divulgar coisas deste RPG que joguei praticamente toda a semana por quase dez anos e que deve ter passado pelo menos uns 50 jogadores diferentes pelas minhas mãos. Aquelas longas campanhas acabaram, o servidor do blog morreu e o blog morreu junto.

Meu segundo o blog, o Shadows Over Rokugan e algo mais, surgiu quando eu tinha uns 23 e era funcionário de uma autarquia onde eu apenas contava as horas pra ir pra casa, não suportava meu trabalho burocrático. Para desopilar um pouco, escrevia o que me vinha na telha, normalmente resultando em humor absurdo.

Agora estou com 33 anos e os últimos anos foram duros, emocionalmente. Com a idade de Cristo, estou às vésperas de saber se fui admitido numa seleção de mestrado em algo diferente de minha formação acadêmica, depois de um período de letargia. Como isto tem me deixado muito ansioso no último mês, a vontade de escrever voltou.

E eis aqui o homem, tentando escrever alguma palhaçada. Lá vai.


AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO. LINGUAJAR DE BAIXO CALÃO E SITUAÇÕES APIMENTADAS. TIRE AS CRIANÇAS DA SALA!


Shadows Over Rokugan e Algo Mais (Revamped) Apresenta... 

Uma foto livre de direitos, para ilustrar alguma coisa.

 ISTO É FODENDO INCRÍVEL, ou a importância de não ser um fodendo fodido: Um conto de cuidado (de fodendo cuidado, fodendo inclusive)


Jambolão era um rapaz simples, talvez pudesse ser chamado de "normal", se é que ainda é permitido usar esta palavra sem ter que se explicar.

Todo o dia acordava cedo para trabalhar na Colossus, fábrica de vibradores de última geração, no controle de qualidade. Não era exatamente a bênção sombria que havia pedido à Lúcifer, seu patrono em muitas coisas, mas nem sempre o Príncipe das Trevas atendia seus filhos decaídos da maneira que desejavam. Achava até que tinha vendido a alma por muito pouco e que poderia ter sido mais específico quando falou que queria "ter o poder de dar intenso prazer para mulheres", mas isto não vem ao caso, no momento.

O problema da vez é que Jambolão estava por um fio de perder seu ganha-pão, pois a Colossus Dildomatic S.A. estava sendo processada pela Disney. Infelizmente, a empresa foi mal interpretada com o slogan que lançou para vender a linha licenciada de vibradores de Star Wars, que diz o seguinte: "Star Wars: Depois que começaram a te enfiar sem parar um filme atrás do outro goela abaixo, agora você pode também enfiar no cu e na buceta!"



Modelo Slim Vader (Silver), laboriosamente testado por Jambolão.

Como era de se esperar, as vendas explodiram e a empresa começou a ganhar rios de dinheiro, mas a Disney achou o slogan ofensivo, pois achou que dá a entender que produzir um filme de Star Wars atrás do outro é só uma tática mercenária para ganhar mais dinheiro que as estátuas de  Buda, aproveitando-se de uma marca mundialmente reconhecida para produzir filmes de qualidade questionável, na ideia de que fãs são imbecis e não vão questionar nada que tiver um Sabre de Luz no meio. Abominável ideia!

Devido à todo o processo, muitos funcionários envolvidos com a linha dos vibradores temáticos de Star Wars estavam com o emprego ameaçado, como se despedir esta gente poderia de alguma maneira apaziguar o cérebro congelado de Walt Disney. Num acordo de cavalheiros, as empresas decidiram manter o processo à boca pequena depois que um funcionário de alto escalão da Disney apareceu no escritório do presidente da Colossus vestido com uma fantasia de Pato Donald, um fuzil nas mãos e gritando que iria "Enfiar todas estas merdas de caralhos de plástico no cu de cada um de vocês se esta história chegar nos jornais".

A face do terror.

Assim sendo, o clima na Colossus era de extrema consternação. Não se ouvia mais as piadinhas sugestivas pelos corredores, não faziam mais festas para teste interno dos produtos, os funcionários mal falavam uns com os outros. Desgostoso com a situação, Jambolão decidiu conversar com o presidente da empresa, o Dr. Sir Laurus "Sabiá" Cockingham. 

Chegou como sempre fazia, numa manhã qualquer dessas, pegou o elevador e entrou sem bater no escritório. Dr. Sir "Sabiá" estava reclinado em sua poltrona, tomando uísque importado. Seus olhos estavam vermelhos e o rosto inchado, marca de quem tem chorado muito. Seu chefe não se importou com a intromissão. Jambolão então foi logo ao assunto:

-Chefe, precisamos falar sobre Star Wars.

-Vá se foder, Jambolão; Respondeu "Sabiá", com a voz entrecortada.

-Esse é o problema, Chefe! Tudo o que eu quero é isso; Garganteou Jambolão, tentando soar o menos mentiroso possível; Eu amo esta empresa. Amo meu trabalho. Quero mais é que nossos clientes, que eu, você, o mundo fodam nossos vibradores com toda a força, até sangrar.

-E você acha que eu não quero isso?! 

Num átimo, "Sabiá" arremessou o copo de uísque na direção de Jambolão, que por pouco não tem o rosto desfigurado por estilhaços de vidro. A trajetória errou por milímetros, acertando na parede um quadro do século XVIII que continha um elegante senhor usando peruca de crinas de cavalo segurando um vibrador de madeira. Lentamente, o presidente levantou-se de sua poltrona para avaliar o estrago que havia feito.

-Estou tão desesperado que nem cegar um mísero funcionário com um copo arremessado eu consigo. Ai de mim!

-Calma chefe, o senhor está só cansado. E eu me esquivei a tempo;Mentiu descaradamente Jambolão; Não fosse minha agilidade infernal concedida pelo Pai das Mentiras, talvez eu estivesse até morto.

-Você é muito gentil, Jambolão. Mas isto não muda as coisas. E veja só o que fiz. Arruinei o quadro de Sir Richard Cokingham, meu ancestral mais glorioso. Foi ele que começou a manufaturar e vender vibradores na velha Inglaterra. Dele, nasceu este Império de paus de plástico em riste; e comigo, morrerá o sonho de proporcionar à todos uma experiência de valor agregado naquela fodelança gostosa nas horas de lazer ou necessidade. Eu sou uma vergonha.

-Não diga isso, chefe. Acho que pode existir uma solução. E isto consiste em foder com tudo!

-Que solução, seu verme estúpido? A Disney vai arrancar até minha ilha grega particular com este processo. Nosso Slogan está na boca do povo, em hashtags, até apareceu num episódio dos Simpsons. Já era, esta guerra está perdida, guerreiro. Agora, vá embora daqui, antes que eu solte os cachorros.

Jambolão observou as jaulas com Dobermanns salivando ao fundo da sala e resolveu se retirar. Ficou contrariado, não que pudesse resolver qualquer coisa, pois o susto do copo combinado com o dramalhão de seu chefe o havia feito esquecer o plano que teria para salvar a empresa, mas ainda lembrava que era algo sobre foder. Foi para seu cubículo e ficou matutando sobre como foder poderia ser a chave, mas parece que havia desenvolvido algum tipo de bloqueio, talvez pelo trauma de quase perder um olho.

Horas se tornaram dias, e a solução parecia escapar da mente de Jambolão como se fossem grãos de areia em suas mãos. Foder, foder, foder... O que era mesmo?

Transtornado, decidiu usar seu final de semana para ir numa convenção de Star Wars que estava acontecendo no centro de eventos da cidade. Talvez o contato com a saga lhe fizesse lembrar. Passou por stands, viu cosplays, e acabou na praça de alimentação, conversando com um grupo de pessoas fantasiadas. Até que em dado momento, o rapaz vestido de Han Solo lhe perguntou:

-E você Jambolão, o que faz da vida?

-Eu trabalho para a Colossus Dildomatic, fabricante de vibradores.

-A que fez a linha do Star Wars?

-Isso mesmo.

-Adoro o vibrador duplo do Darth Maul; Disse uma senhora fantasiada de Princesa Amidala; É uma experiência... Fodendo Gourmetizada! 

-Obrigado, sou responsável pelo controle de qualidade.

-É fodendo mesmo?! ;Disseram todos na mesa, em conjunto; Isto é... FODENDO INCRÍVEL!

-Fodendo incrível? 

-É! Fodendo Incrível! Fodendamente Fodendo Incrível! ;-Respondeu uma criança vestida de Conde Dooku;

-Que história é essa de fodendo incrível?

-Sabe, tipo, fucking amazing. No português fica, "fodendo incrível"; Explicou Han Solo.

-Acho fodendo foda o novo Star Wars, está muito fodendo fiel aos fodendo antigos; Disse a Princesa Amidala.

A mente de Jambolão começou a entrar em pane. Tudo era fodendo alguma coisa para aquela gente. Foder, foder, foder... Aquilo, combinado com seu problema de descobrir a chave para salvar seu emprego, despertou algum instinto assassino reprimido, talvez uma fagulha dos poderes infernais latentes contidos no jovem.

-Fodendo Incrível? Eu vou fodendo mostrar pra fodendo vocês o que é fodendo incrível! Fodam-se!

Jambolão pulou sobre a mesa e enfiou as mãos dentro da boca de Han Solo, rasgando suas bochechas de dentro para fora. Todos ficaram em choque, e o jovem prosseguiu, arrancando a mandíbula do pobre sujeito com as mãos nuas.

-Isso é... Fodendo Radical!; Disse a criança vestida de Conde Dooku, obviamente não percebendo a gravidade da situação.

Isto foi o mesmo que assinar a própria certidão de óbito, pois Jambolão imediatamente puxou a criança pelo pescoço e a arremessou com força sobre-humana por toda a praça de alimentação, a fazendo se espatifar numa parede. Gritos de terror dominaram o local, e Jambolão seguiu para amassar o crânio da Princesa Amidala usando a mandíbula de Han Solo.  Tudo era sangue. Tudo era morte.

Jambolão só parou sua matança uma hora depois, quando um franco-atirador da SWAT acertou em cheio sua cabeça, de onde saíram vermes infernais que contaminaram todo o centro de eventos com peste bubônica, câncer, AIDS e cancro mole.

A morte de Jambolão foi o que  "Sabiá" precisava; colocou habilmente toda a culpa do marketing negativo da Disney em cima do falecido funcionário e pagou uma pequena indenização de desvio de função, jogando um maço de notas de 100 na cova onde o caixão de Jambolão foi enterrado. Mas, ao final da cerimônia, conduzida por um sacerdote Satanista, "Sabiá" refletiu: Jambolão estava certo. Alguém que fodesse com tudo era justamente o que a empresa precisava para sair desta fodendo enrascada.

 FIM

Moral da História: Nem mesmo os servos do diabo gostam de quem fala fodendo isso, fodendo aquilo. Pare com isso já.