AVISO: CONTEÚDO IMPRÓPRIO. TIRE AS CRIANÇAS DA SALA!
FACES DA MORTE
O terror.
Meu nome é Vanderguelson. Sou um homem comum, habitante de Gauderiovilla. Vivo uma vida normal: trabalho, pago meus impostos e quando posso bebo alguma coisa. Tenho meus amigos e minha gata de estimação, Fredericca St. Simon. O que estou prestes a contar mudou minha vida para sempre.
"Três e cinquenta", dizia aquela voz grotesca, macabra, que soava ser de outro mundo e que ecoava distante, como se saísse das profundezas de uma caverna. Ou do próprio inferno. Eu estava nu numa floresta de árvores distorcidas, petrificadas. O vento alísio uivava como se pronunciasse uma distante tempestade e o céu estava claro: Uma lua cheia sem estrelas. Apesar da torrente de ar, eu suava em bicas.
"Três e cinquenta", Três e cinquenta"...
A voz se aproximava. O eco não me permitia saber de onde estava vindo. Senti uma forte dor do lado esquerdo da cabeça. Levei uma das mãos ao local e vi minha palma embebida em sangue. Parecia que uma veia da minha testa havia estourado, de tanto nervosismo. Eu sentia que estava em terrível perigo.
Corri pela floresta com medo do desconhecido. Achava que as árvores moldavam formas e rostos, zombando de mim, sempre zombando de mim. Até que em determinado momento, na minha frenética fuga, tropecei numa raiz petrificada e me espatifei no chão, de bruços. A voz me perseguia.
Fiquei de cócoras. Senti um aperto nas minhas costelas. Pude ver mãos gigantes e disformes, pálidas como as de um cadáver amaldiçoado, me envolvendo num sinistro abraço. Meus olhos estavam lavados do sangue de minha ferida, estava tonto e enjoado...
"Três e cinquenta"... Sussurrou aquele demônio no meu ouvido. Era aquela criatura. Estava paralisado de terror. Eu não iria apenas morrer. Eu sabia que aquela entidade estava ali para atormentar a minha alma por toda a eternidade.
Foi quando senti uma violenta fisgada no meu pênis. Que tortura era aquela? Gritei, à plenos pulmões:
-MEU PAU!
-MEU PAU!
Num pulo, sentei na minha cama. Foi um pesadelo. Acordei com Fredericca St. Simon pulando da cama, num miado agudo. Mas que gatinha arisca! Durante o sono, tinha me rasgado a testa, as costelas e a cabeça de meu membro com suas garras afiadas. Eu estava suando muito pela experiência. Prontamente, peguei um sapato do chão e arremessei na direção de Fredericca, que habilmente despareceu pela porta antes de ser acertada. Ainda zonzo, deitei-me novamente, apesar da dor, e fui acolhido mais uma vez pelo sono, enquanto repetia, de maneira monótona, como se fosse um autômato:
-Meu pau... Meu pau... Ai, ui, meu pau...
-Meu pau... Meu pau... Ai, ui, meu pau...
O dia transcorreu-se normalmente, com alguns curativos pelo corpo. Fui ao mercado comprar uns pacotes de macarrão instantâneo depois do trabalho. Era final do mês e tinha que me virar. Passei as compras pelo caixa e o atendente me disse:
"Três e cinquenta". Aquela voz...
"Três e cinquenta". Aquela voz...
Foi ali que vi. Uma cabeça desproporcional, enorme, uma aberração. Olhos bem abertos, vidrados, satânicos. Uma boca que levava à escuridão do mais podre dos esgotos. Me arrepiei até os cabelos da bunda.
-O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?; Disparei, gritando, sentindo uma enorme aflição no peito.
Todos pararam no mercado e olharam para mim. Sacudi o rosto e olhei mais uma vez para o caixa. Era uma doce senhora, assustada com meu surto de loucura. Um segurança já estava se movimentava na minha direção.
-Tchê...Três... com cinquenta; Ela disse, baixinho, apavorada.
Claro. Estamos em Gauderiovilla. Ninguém fala três e cinquenta, mas sim três com cinquenta. Pedi uma série de desculpas e paguei. Na saída, o segurança veio tirar satisfações comigo:
-Escuta aqui, ô puto, quem tu pensas que é?
-Me desculpe, eu me descontrolei.
-Mas vá te embora daqui antes que eu te parta a cara! Onde já se viu berrar por...
"Três e cinquenta..."
Não. Eu vi seu corpo desproporcional para a cabeçorra. Não consigo dizer ao certo como era, mas foi muito rápido. Vi que ele tinha uma espécie de placa de cor preta exposta no peito, como se tivesse sido cirurgicamente colocada ali, entre a carne. Dei um grito de pavor e me botei à correr rua abaixo. Quando voltei à mim, ainda ouvi o segurança lançando um maldizer na minha direção:
-Cuzão do caralho!
Fui para meu apartamento, tomado de medo. Sentei-me ao computador e pesquisei por horas a fio o que poderia ser aquilo. Tentei sites variados, inclusive na numerologia, era o número 8. Era o número do poder, da ambição, do sucesso. Do líder. Daquele que não se contenta de maneira alguma com um "não". Fiquei tranquilo por um momento, mas então pensei: Será que este não é o perfil deste demônio que me persegue? Um tirano que não vai parar por nada até estraçalhar a minha sanidade? Como já estava ao computador, decidi masturbar-me gloriosamente, mas ao retirar meu membro das calças, senti dor: Fredericca havia me esfolado bonito. Pensei que poderia usar da base e não tocar na cabeça e decidi prosseguir. Estava me animando com aquele festival de genitália, então passei ao próximo vídeo que tinha 3:50 de duração.
"Três e cinquenta"...
O vídeo era assombroso. Na tela, a criatura me possuía com terrível violência. Não direi mais que isso, mas vi meu rosto se contorcer, não de pavor, mas de prazer. Um prazer profano, inominável.
Vomitei sobre meu pênis, imediatamente, quando voltei ao normal. Tomei um banho. Tive que sair do apartamento, aquilo era demais. Andei pelas ruas, já ao amanhecer, sem rumo. Os prédios pareciam uma floresta de pedra... O que estava acontecendo?
Foi quando o vi. Senti meu corpo inteiro esfriar, meus pelos pubianos murchando e caindo por entre minhas pernas.
A face da morte, virando-se lentamente...
A face da morte, virando-se lentamente...
"Três e cinquenta..."
E ele virava, como se fosse uma projeção quadro-a-quadro...
Não, não... NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Fim.
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