quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

MANIFESTO ESQUERDOMACHO

OBSERVAÇÃO: AS OPINIÕES NESTE MANIFESTO NÃO REFLETEM A OPINIÃO DA EQUIPE DESTE BLOG. ESSE TEXTO FOI ENCONTRADO NA DEEP WEB E ESTÁ CIRCULANDO POR AÍ. REPRODUZIMOS EM CARÁTER INFORMATIVO. A ÚNICA COISA QUE FIZEMOS FOI ADICIONAR UMAS FOTINHOS. 

-A DIREÇÃO

ALERTA DE GATILHO: MACHISMO, MISOGINIA, HOMOFOBIA, PALAVREADO CHULO.


Memórias de um esquerdomacho de militância


Esse sou eu. Trabalho atualmente como modelo de stock images em Los Angeles.


Bom dia, friends. Meu nome é Carlos Eduardo Flaubert D'Ellabatte, mais conhecido como Cadu. Fui escolhido pela board dos esquerdomachos veteranos para falar sobre a nossa carreira e dos problemas que passamos e comparar com as atividades atuais da nossa classe. Hoje o pessoal é muito de cancel culture e não sabe das questões de alguém que está nesse jogo por mais de vinte e cinco anos.

A PRIMEIRA COISA QUE DEVE FICAR CLARA, FELLAS: O ESQUERDOMACHO ATUAL TEM UMA VIDA MUITO MAIS FÁCIL QUE OS DA MINHA GERAÇÃO TIVERAM.

Para entenderem melhor, convido vocês a tomarem uma Cuba Libre e apreciarem a leitura deste manifesto. Os mais novos podem pedir para um empregado ler, pois sei que a alfabetização da gauche brasileira atual serve apenas para redigir tweets.


1.0 Relações com a esquerda tradicional




Quando comecei a militar, no finalzinho dos anos 90, nossa relação com a esquerda tradicional era complicada: nós éramos vistos como parasitas, burgueses afetados tentando infiltração no proletariado para corromper o propósito da revolução. Fingir pobreza não era uma questão estética, era de sobrevivência. Lembro o horror de ter que malhar na academia apenas para poder mostrar que eu tinha calos nas mãos, para simular contato com trabalho braçal. Se nós fizéssemos um dos nossos discursos de responsabilidade social da atualidade na melhor das hipóteses iam rir da nossa cara, na pior nos escorraçariam da reunião aos chutes.

Era então necessário vestir camisa do Che Guevara, ter uma bandeira da Venezuela em casa e defender a Coréia do Norte, além de um falso saudosismo pela União Soviética. O Capital de Marx, Cadernos do Cárcere de Gramsci, o Minimanual de Marighella e  Que Fazer? de Lênin eram leituras básicas. Saber um pouco de Hegel, Bakunin e Proudhon não fazia mal, entre outros. Apenas discursos inflamados sobre tomar os meios de produção e revolução armada surtiam real efeito. Era importante participar de células e reuniões, buscar informações sobre atividades de treinamento em lugares afastados e outras particularidades que não acho necessário divulgar aqui. Enfim, era trabalho duro parecer um camarada, todo um preparo antes de poder cair na noite atrás de xereca socialista.

Hoje a vida do esquerdomacho é muito mais fácil. Não precisa nem ler ou ao menos saber esses nomes. Usar chavões como Foucault ou Necropolítica basta. Não somos mais "inimigos do proletariado tentando minar a revolução", nós SOMOS a revolução. Agora é nossa vez de olhar atravessado para os tradicionais e condená-los por sua truculência, racismo, transfobia, gordofobia, ableismo e homofobia. Concordar e aplaudir qualquer minoria, perdão, minorie ou mulher é suficiente para faturar aquela xavascuda atiçada.

Melhor ainda, hoje não precisa realmente militar, colocar a cara na frente dos tiras, tomar porrada de graça e ter ficha na polícia. Você só precisa fingir que tem vergonha de não fazer parte de alguma minoria ou gênero não-binário e demonstrar que é um verdadeiro aliado. Militar custa dentes, se humilhar rende pepequinhas.

Sobre a cultura do cancelamento: Sempre existiram expurgos. Lide com isso,  babe. É a única coisa que não mudou,  nunca vai mudar e é parte integral da nossas relações. Então be smart, keep your cool. Na minha época era apanhar, não poder entrar mais em lugares, ou ver as mesmas pessoas. Na época de vocês é gente contando para o papai internet que alguém se comportou mal. Muito melhor.


 2. Caçada ao Outubro Vermelho




Quando pequenos e médios empresários perceberam que o público GLS, agora conhecido por LGBT+, não tinha seu nicho de entretenimento nos anos 2000 eles lançaram as casas e baladas LGBT+ por preços absurdos, este sendo nosso principal campo de caça. Como simpatizantes, íamos no ambiente onde as mulheres frequentavam basicamente por poderem dançar sem receber cantadas a cada cinco minutos para investirmos pesado, pela pouca concorrência. Nosso principal problema eram os guarda-costas, como chamávamos os amigos gays das moçoilas. Os guarda-costas sempre ficavam nos bloqueando e impedindo nosso avanço. Cockblockers. Às vezes era necessário criar táticas para passar pelo gaiola de pomba, como pedir a um esquerdomacho para entretê-lo enquanto outro atacava a mulher. Alguns dos nossos tiveram que apelar para estratagemas extremos, como entrar em beijos triplos ou mesmo ter que ficar boa parte da noite tomando flertes do guardinha. Era um verdadeiro campo de batalha.

Agora é só sentar num bar e falar coisas vagas sobre a situação do mundo e o que alguém, não sabemos quem, deve fazer para acabar com os fascistas ou de maneira cada vez mais infrequente, com o capitalismo. Uma boa apresentação nas primeiras rodadas garante possibilidade de ajuntamento numa festinha posterior ou mesmo ir para a casa de alguém escutar uns vinis ou fumar um baseadinho. Aí é só abrir a boca do crocodilão. 

Outras interações dignas de menção: cinefilia, poesia, tocar violão. Na minha época, era um adicional que poderia abrir alguns caminhos. Hoje, é como se fosse um pós-doutorado em botação de pau. Mais uma vez, os esquerdomachos de hoje não sabem como a vida deles é fácil, comparada à nossa.


3.0 Relações Líquidas



Um dos principais problemas para o esquerdomacho veterano consistia no frágil equilíbrio entre a pegação e a imagem pública. Por sermos diferentes dos cis héteros comuns, ainda atrelados a uma ideia de camaradagem revolucionária, não podíamos ficar atirando para todo o lado. Ao dar um cato firme numa xotinha, tínhamos que ficar um tempo com ela para não sermos vistos como boys putanheiros riquinhos. As traições tinham de ser discretas e uma pegada casual para os solteiros não poderia ser frequente ou poderia manchar a reputação com as novinhas, dependendo do pensamento delas. Marretar uma buça ou não: eis o dilema de nossa representação.

O esquerdomacho do século XXI não precisa mais se preocupar com isso. Algum gênio promoveu os conceitos de poliamor, relacionamento aberto e pegação irrestrita. Com a liquidez dos relacionamentos, não é mais necessário se preocupar com o que os outros vão achar, só botar pra dentro e depois dar no pé.


EM RESUMO: NÓS, ESQUERDOMACHOS DA GERAÇÃO PASSADA, CONSTRUÍMOS AS BASES PARA QUE OS NOVOS POSSAM TER UMA VIDA MUITO MELHOR. JOVENS, TENHAM CONSICÊNCIA DE CLASSE E VÃO À LUTA. CONSTRUAM UM MUNDO AINDA MELHOR PARA OS PRÓXIMOS ESQUERDOMACHOS, PARA QUE POSSAM DIZER, ASSIM COMO EU, COM ORGULHO, QUE PASSARAM POR DUROS MOMENTOS DE GUERRA. ESQUERDOMACHOS DO MUNDO, UNI-VOS!

-Cadu

PS assinem meu onlyfans onde dou dicas e muito mais.

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